Carneiro é o novo líder do PS e está pronto para chegar a consensos

“Procuro ser parte da construção de caminhos melhores para o país. Tenho dito que é preciso ouvir mais e dar mais voz à sociedade. Temos de ir ao encontro das necessidades das pessoas. Nos rendimentos. Na saúde. Na habitação. Nos transportes. Nas condições de vida. Há os que o não querem fazer. E, por isso, mais do que a realidade, criam e trabalham para as perceções”, começou por dizer, este sábado, perante os militantes na sede nacional do PS no Largo do Rato, em Lisboa.

Numa altura em que ainda há mesas de voto abertas, sabe-se que Carneiro conseguiu 16.342 votos dos 17.125 votantes. Registaram-se 661 brancos e 121 nulos e este resultado é superior ao que conseguiu nas diretas de 2023 quando perdeu para Pedro Nuno Santos.

Na cadeira mais alta do partido, o décimo secretário-geral do PS voltou a virar a agulha para as eleições autárquicas, a prioridade para os socialistas, e anunciou uma Convenção Autárquica para o final de agosto onde pretende reunir todos os candidatos. “Acredito que os eleitores, nas suas terras, vilas e cidades, escolherão os projetos do progresso e derrotarão os projetos populistas e conservadores”, adiantou.

Trabalhar para formar consensos

Quanto ao Governo, Carneiro garantiu que “o perfil desta legislatura” é da responsabilidade do Governo e dos partidos que o suportam, mas deixou claro que está aberto “a trabalhar o reforço dos consensos democráticos”. Com a imagem de conciliador e moderado, o líder do PS explicou que essa posição “não tem a ver com qualquer competição entre partidos de oposição”, mas sim, “com sentido de Estado”.

Ao mesmo tempo, prometeu oposição firme a Montenegro, acusando a AD de querer enfraquecer o Estado Social e abdicar de uma política económica sólida. “O PS usará todos os instrumentos de fiscalização para se opor a medidas erradas, injustas e ineficazes”, vincou. “Por exemplo, nunca pactuaremos com a ideia de os estudantes terem de se socorrer de empréstimos bancários para pagarem os seus estudos superiores. O PS exercerá em pleno o seu papel de oposição, apresentando propostas alternativas”, disse.

No final, considerou que é urgente apoiar as empresas, criar mais riqueza e melhorar as condições de vida dos trabalhadores. “Os salários só subirão de modo generalizado com uma diversidade de políticas que este governo parece não ter vontade para fazer. Procuraremos apresentar uma política económica que incorpore mais recursos nacionais e tecnologicamente mais avançada”, realçou.

Da saúde à habitação, referiu que é necessário “valorizar os cuidados primários de saúde” e criticou os vistos gold. “Os cidadãos sentem todos os dias a falha nas respostas de habitação. Não compreendem a manutenção dos vistos gold e de outros instrumentos que aceleram a mobilidade de fluxos de investimento concentrados no imobiliário que agravam os preços das casas”, notou.

E, comprometido em iniciar um novo caminho, com uma “nova esperança” e “ambição”, sublinhou que quer um país aberto e que seja pertença de todos. “Quero que o nosso país continue a ser uma pátria aberta e acolhedora. Pátria no mundo e do mundo. Pertença de todas e de todos. Com uma identidade que se preserva abrindo-se e inovando”, terminou.

As ideias do novo líder

A Reforma eleitoral
O secretário-geral do PS defende uma reforma eleitoral e quer começar pelas autarquias. O objetivo passa por reforçar o “parlamentarismo” e criar “executivos mais funcionais”.

Compromisso para a justiça
José Luís Carneiro sugere um pacto de regime com Luís Montenegro para a área da justiça que inclua uma “reflexão abrangente por parte de todos os agentes”. E quer uma segurança “eficaz” e “humanista”.

Defesa do sistema se pensões
Na moção estratégica do socialista é recusada a “privatização da saúde”, a defesa da escola pública e o sistema de pensões público. Na habitação, sugere um “grande Pacto Nacional para a Habitação”.

Modernizar Administração Pública
A modernização da Administração Pública faz parte das propostas de Carneiro, bem como melhorar a qualidade da democracia e a prevenção e combate à corrupção.

Combater imigração ilegal
Defende ainda o combate às redes criminosas de imigração ilegal com “políticas migratórias que garantam a legalidade e a coesão do nosso país”.