Partido no poder no Japão alvo de buscas devido a fraude financeira
O Ministério Público fez hoje buscas em várias instalações ligadas ao partido no poder no Japão, no âmbito de uma investigação sobre um escândalo de fraude financeira que levou quatro ministros a apresentarem a demissão.
Os investigadores deslocaram-se às sedes de duas das mais importantes fações internas do Partido Liberal Democrata (LDP, na sigla em inglês), localizadas no distrito de Chiyoda, em Tóquio.
Esta busca “é extremamente lamentável. Levamos a situação muito a sério e estamos a tomar as medidas necessárias, respeitando o andamento da investigação”, disse o secretário-geral do LPD, Toshimitsu Motegi.
De acordo com a imprensa, os procuradores japoneses estão a investigar suspeitas de fraude contra dezenas de membros do partido de direita conservadora, que governa o país quase ininterruptamente desde 1955.
Os meios de comunicação social japoneses têm apontado que estes membros são suspeitos de não terem declarado o equivalente a vários milhões de euros recolhidos através da venda de bilhetes para eventos de angariação de fundos, que o LDP lhes terá pago.
As buscas, que começaram pouco depois das 10:00 (01:00 em Lisboa), incluíram escritórios pertencentes à maior fação interna do partido, liderada pelo antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado no ano passado.
De acordo com a imprensa, membros desta fação, conhecida como Seiwaken, terão recebido cerca de 500 milhões de ienes (3,2 milhões de euros) durante um período de cinco anos, até 2022.
As buscas estenderam-se ainda a escritórios da fação Shisuikai, liderada por Toshiro Nikai, secretário-geral do LDP até à chegada de Fumio Kishida à chefia do Governo.
As buscas de hoje coincidem com a abertura formal de uma investigação do Ministério Público sobre as irregularidades. É a primeira vez em 19 anos que os procuradores abrem uma investigação contra uma fação partidária.
Quatro ministros japoneses apresentaram quinta-feira a demissão, incluindo o braço direito de Kishida, o secretário-geral (com estatuto ministerial) e porta-voz do Governo, Hirokazu Matsuno, assim como cinco vice-ministros e outros funcionários.
Kishida, que considerou “extremamente lamentável que a situação tenha dado origem à desconfiança do público”, prometeu “tornar-se numa bola de fogo para restaurar a confiança no Governo”.
Mesmo antes deste escândalo, a popularidade de Kishida, de 66 anos, estava em baixo, nomeadamente devido à inflação persistente e à queda do iene, resultando numa quebra do poder de compra das famílias nipónicas, apesar do anúncio do Governo, no mês passado, de um novo plano de estímulo fiscal.