Livre tem pela primeira vez um grupo parlamentar

O Livre tem pela primeira vez um grupo parlamentar e elegeu quatro deputados para a Assembleia da República, dois pelo círculo de Lisboa, um pelo Porto e um por Setúbal. Rui Tavares afirmou, no seu discurso, que o partido tem demonstrado o que é lutar contra “a maré alta do autoritarismo”, em alusão ao crescimento da extrema-direita nas eleições deste domingo.

O porta-voz do partido, que foi reeleito por Lisboa, disse que o Livre fez “a campanha com propostas e não com divisão”. “Fomos os que menos interrompemos nos debates”, acrescentou no discurso, no Teatro Thalia, em Lisboa, onde centenas de pessoas se juntaram e aplaudiram a conquista sucessiva, ao longo da noite, de lugares no Parlamento.

O partido reuniu mais de 198 mil votos, o que significa que duplicou o resultado face a 2022. Tornou-se o sétimo partido mais votado, depois de ter permanecido em oitavo lugar nas últimas duas eleições legislativas. O Livre cumpriu um dos objetivos que tinha traçado para este escrutínio: eleger um grupo parlamentar.

Chega preocupa

Rui Tavares foi reeleito pela segunda vez para a Assembleia da República pelo círculo de Lisboa, depois de ter entrado em 2022 no Parlamento. A ele juntou-se Isabel Mendes Lopes. O partido elegeu pela primeira vez no círculo do Porto e de Setúbal: Jorge Pinto e Paulo Muacho, respetivamente.

Em declarações ao JN, Jorge Pinto disse que “há espaço para uma Esquerda verde no século XXI”. O deputado eleito pelo Porto afirmou que “preocupa muito” o crescimento da extrema-direita, isto é, do Chega.

O Livre entrou pela primeira vez no Parlamento em 2019, com a eleição da deputada Joacine Katar Moreira. Teve 1,09%, ou seja, 57 172 votos. Em fevereiro de 2020, a historiadora passou à condição de deputada não inscrita, quando o partido lhe retirou confiança política após vários desentendimentos.

Um deles relacionado com a abstenção de Joacine ao voto de condenação, apresentado pelo PCP, dos crimes de Israel contra a Faixa de Gaza. A posição da deputada única, na altura, do Livre mereceu a crítica do seu próprio partido.

Pediram esquerda unida

Em 2022, foi a vez do fundador Rui Tavares ser eleito. Naquelas legislativas, nas quais o PS venceu com maioria absoluta, o Livre subiu no número de votos face a 2019: foram 71 196.

O partido, criado em 2014, que se caracteriza por “Esquerda verde e progressista”, pautou a campanha eleitoral das legislativas de 2024 por várias declarações a favor da constituição de “uma maioria de Esquerda”. Rui Tavares admitiu também dialogar com a “Direita democrática” a partir do momento em que esta “clarifique e deixe (…) claro que não conta com a extrema-direita para nada”.