Eventos extremos custaram à Europa 43 mil milhões de euros este verão

Rui Manuel Fonseca
As ondas de calor, secas e inundações que marcaram o verão de 2025 causaram 43 mil milhões de euros em prejuízos para a economia europeia, segundo um estudo que sublinha que estes custos imediatos são apenas os iniciais.
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O estudo, liderado por Sehrish Usman, da Universidade de Mannheim (Alemanha), com dois coautores do Banco Central Europeu, utiliza dados meteorológicos e modelos económicos para estimar os danos causados por eventos climáticos extremos, tornados mais frequentes e intensos pelas alterações climáticas.
A investigação tem em conta consequências diretas, como a destruição de estradas, edifícios ou culturas durante as inundações, bem como indiretas, como perdas de produção causadas pelo tempo necessário para reconstruir uma fábrica, perdas de vidas ou custos relacionados com a adaptação.
Incorpora também impactos a longo prazo, porque “o verdadeiro custo dos eventos extremos (…) estende-se muito para além dos seus efeitos imediatos”, sublinhou Usman.
Por exemplo, a escassez ou destruição de determinados produtos, associada à seca, pode levar à inflação a mais ou menos longo prazo.
Considerando todos estes elementos, o estudo estima que, até 2029, os custos macroeconómicos gerados pelos desastres do verão de 2025 poderão atingir os 126 mil milhões de euros.
Espanha, França e Itália destacam-se como os países mais afetados, cada um enfrentando este ano prejuízos superiores a 10 mil milhões de euros.
Estas perdas poderão ultrapassar os 30 mil milhões de euros a médio prazo, uma vez que este verão foi um testemunho do aumento das ondas de calor e das secas.
Os países da Europa Central e do Norte sofrem danos menos significativos, mas as inundações tendem a aumentar nos últimos anos, o que deverá aumentar o custo das perturbações climáticas, observa o estudo.
Os autores salientaram que estes números estão provavelmente subestimados, uma vez que não têm em conta os efeitos cumulativos (as ondas de calor e as secas coexistem frequentemente) e outras repercussões das alterações climáticas, como os incêndios.
Os números de perdas económicas geralmente compilados pelas seguradoras cobrem apenas os danos nos ativos físicos e omitem outros efeitos indiretos, como as perdas de produtividade relacionadas com o calor, observaram.