Cidade líbia de Derna dividida em quatro secções para evitar epidemias
As autoridades dividiram a cidade líbia de Derna, atingida por inundações devastadoras, em quatro secções para criar zonas de proteção em caso de surto de doenças, disse hoje o primeiro-ministro da administração leste da Líbia.
“As áreas afetadas estão, agora, completamente isoladas, as forças armadas e o Governo começaram a criar uma barreira para combater uma eventual propagação de doenças ou epidemias”, afirmou o primeiro-ministro, Ossama Hamad, em entrevista à televisão saudita Al-Arabiya.
O anúncio foi feito um dia depois de milhares de manifestantes furiosos terem exigido uma rápida reconstrução da cidade.
Na semana passada, duas barragens foram destruídas, na sequência da tempestade mediterrânica Daniel, criando uma onda de água parecida com um ‘tsunami’, que inundou e destruiu a cidade de Derna.
As autoridades governamentais e agências humanitárias informaram que o número de mortos varia entre cerca de 4.000 e 11.000, com milhares de desaparecidos.
As Nações Unidas avisaram na segunda-feira que um surto de doenças pode criar “uma segunda crise devastadora” na Líbia.
Milhares de manifestantes líbios reuniram-se na segunda-feira na parte de fora da mesquita al-Shabana, em Derna, na primeira manifestação em massa desde as inundações, pedindo uma investigação rápida sobre o desastre e a reconstrução urgente da cidade.
À noite, o antigo autarca da cidade, Abdel-Moneim al-Gaithi, disse que a sua casa foi incendiada por manifestantes.
O Ministério Público líbio abriu, no sábado, uma investigação sobre a rutura das duas barragens, construídas na década de 1970, e sobre a atribuição de verbas para a sua manutenção.
Nesse mesmo dia, al-Gaithi foi suspenso enquanto se aguarda a investigação.
O país está dividido entre administrações rivais desde 2014. Ambas são apoiadas por patrocinadores internacionais e milícias armadas cuja influência no país aumentou desde a revolta da Primavera Árabe, apoiada pela NATO, que derrubou o governante autocrático Muammar Kadhafi, em 2011.
Ambas enviaram equipas humanitárias para a cidade, mas tiveram dificuldades em responder à catástrofe em grande escala, já que a operação tem sido mal coordenada e os cidadãos locais dizem que a distribuição da ajuda tem sido desigual.