Alerta árbitros: tensão vai estar no máximo até maio

Faltam sete jornadas para o final da primeira liga de futebol, em Portugal. Não é segredo para ninguém que, nesta fase, as emoções tendem a escalar para patamares acima do habitual. Isso é ainda mais verdade esta época, considerando que tudo está em aberto, que está tudo por decidir.

Faltam sete jornadas para o final da primeira liga de futebol, em Portugal.

Não é segredo para ninguém que, nesta fase, as emoções tendem a escalar para patamares acima do habitual. Isso é ainda mais verdade esta época, considerando que tudo está em aberto, que está tudo por decidir.

A saber: quem ficará no primeiro lugar (ou seja, quem será o próximo campeão nacional), quem ficará em segundo (o que, a par do vencedor, permitirá acesso direto à Champions League), quem carimbará o passaporte para as competições europeias e, claro, quem assegurará a manutenção ou será despromovido.

Todos os que gostam de futebol e acompanham o fenómeno de perto conhecem a importância de ter sucesso desportivo a este nível. As vitórias potenciam vantagens para jogadores, técnicos, dirigentes e adeptos. E além de tudo o que daí advém, há sempre a questão do aumento de autoestima e boa disposição, que nos dias de hoje bem precisam de injeções deste calibre.

Não esqueçamos também a importância do retorno financeiro, sempre maior quando os resultados são positivos, porque são esses que atraem interesse e investimento.

É como tudo na vida: o bom atrai o bom. O mau atrai o mau.

Atualmente a diferença entre estar na elite ou num nível inferior (com todo o respeito que me merecem as restantes competições) é muito grande e pode ter impacto direto nas opções de muitos profissionais. Pode até ter impacto na sobrevivência de alguns clubes/sociedades desportivas.

Não tenho dúvidas que, em campo, os jogadores farão tudo o que está ao seu alcance para honrar os emblemas e proteger as suas carreiras. Estarão empenhados e focados. E também estarão menos tolerantes, mais nervosos e impetuosos.

É normal. É perfeitamente normal.

Daqui até maio, a tensão será maior e a necessidade de conseguir vitórias, urgente. É compreensível que a lucidez de quem lá está não esteja sempre ao rubro. E é provável que as reações nem sempre sejam as que se esperam e desejam.

Essa alteração de predisposição deve ser lida e preparada com antecedência por quem tem a missão de zelar pelas leis de jogo.

É fundamental que os árbitros tenham noção do aumento de responsabilidade que carregam sob os seus ombros nesta reta final.

É fundamental que sejam muito exigentes consigo mesmos e com os seus colegas de equipa, trabalhando ainda mais a vertente técnica e as variáveis humanas, como a concentração e compromisso para a função.

É fundamental que tenham em conta que estarão a lidar com profissionais distintos, que têm objetivos diferentes, o que lhes exigirá muita serenidade, personalidade e inteligência emocional.

São sobretudo em momentos destes que o “árbitro-apitador” deve dar lugar ao “árbitro-gestor”. Àquele que também é humano e que sabe ser diplomático se o momento pedir diplomacia ou firme, se pedir firmeza.

É importante que os árbitros percebam que estarão a lidar com atletas sob grande pressão pessoal e competitiva, que estarão a correr, saltar, chocar, cair e levantar durante noventa minutos. Isso é algo que cansa, frustra, aumenta a intolerância e cria(-lhes) problemas.

Os árbitros com qualidade de topo, aqueles que sentem o jogo bem para lá das suas regras teóricas, sabem gerir todas estas sensações com mestria. Sabem distinguir malícia de espontaneidade e desabafo de insulto, sem perder a coerência nem ceder ao impossível.

Cabe-lhes a tarefa de traçar a linha que separa bom senso de imposição de autoridade.

Arbitrar é uma das tarefas mais difíceis que existem, mas neste contexto, de tudo ou nada, é ainda pior. Que os nosso juízes saibam interpretar isso, pondo em prática a sua aprendizagem e experiência. E que todos os outros intervenientes tenham também a capacidade ética de os respeitar, mesmo que as decisões sejam diferentes das que pretendiam.