Governo desafiado a responder sobre crise na saúde e imigração
Na quinta-feira, o Parlamento terá um dos seus momentos-chave antes da interrupção dos trabalhos para férias. O debate do Estado da Nação terá como temas centrais a saúde, nomeadamente o fecho das urgências e o atraso na entrega dos helicópteros ao INEM. Também a lei da nacionalidade e a falta de casas acessíveis vão fazer parte do leque de perguntas da Oposição ao Governo de Luís Montenegro.
O primeiro-ministro pediu, esta terça-feira, aos deputados do PSD e do CDS-PP, para evitarem o “politiquês” no debate do Estado da Nação e focarem-se na resolução dos problemas dos portugueses, e assumiu que a prioridade é o acesso ao SNS. “Vamos concentrar-nos em falar daquilo é o nosso compromisso com os portugueses e daquilo que realmente interessa à vida dos portugueses”, disse o chefe de Governo, no encerramento das jornadas parlamentares dos dois partidos, em Évora.
PS – Médicos de família
O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, acusou o Governo da AD de não ter uma “agenda de desenvolvimento” para o país e defendeu que as “questões essenciais” não estão a ser resolvidas e estão, inclusive, piores. Para o deputado socialista, “há mais portugueses sem médico de família, mais urgências fechadas e os casos em torno do INEM e da assistência de emergência não param de cessar”.
Eurico Brilhante Dias referiu ainda, citado pela Lusa, que o Executivo tem dado prioridade ao diálogo com o Chega, ao invés do PS.
Chega – Combate à corrupção
O Chega, por seu lado, reconheceu os avanços do Governo nas matérias relacionadas com a imigração. Apesar do maior diálogo com a AD, o líder parlamentar Pedro Pinto disse à Lusa que o Executivo não pode falar com o PS e o Chega “ao mesmo tempo”, uma vez que são “opostos um do outro”. O deputado do Chega declarou que “o país não está bem” e que a resposta na saúde “continua sem solução à vista”. O partido pede mais respostas no combate à corrupção e celeridade na Justiça.
IL – Inquérito ao INEM
Mariana Leitão, líder parlamentar da IL, apontou que os problemas no INEM continuam, mesmo depois da ministra da Saúde ter dito que “ia gastar 70% do seu tempo a resolver os problemas” do instituto de emergência. Uma das prioridades do partido, disse a deputada à Lusa, é a comissão de inquérito ao INEM, proposta dos liberais que foi aprovada. O partido acusa ainda o Governo da AD de não ter resolvido os problemas na habitação: promoveu a procura, esqueceu o lado da oferta, o que provocou a subida dos preços das casas, disse Mariana Leitão.
Livre – Preço das casas
O Livre considera que o Executivo não se tem focado na resolução dos “problemas reais” dos portugueses e dos estrangeiros que vivem e trabalham em Portugal. “O que este Governo está a fazer é implementar a política fiscal da IL e depois a adotar o programa que vem da extrema-direita”, disse Isabel Mendes Lopes. A líder parlamentar do Livre afirma que o partido está preocupado com o aumento do preço das casas no país e a “situação caótica” a que se assiste no SNS.
PCP – Degradação do SNS
Paula Santos, líder parlamentar do PCP, defende que a palavra “diálogo” tem sido usada pelo Governo como “uma operação de propaganda grande”, acusando o Executivo de impor a sua vontade aos restantes partidos. Para a deputada comunista, assiste-se à “degradação dos serviços públicos”, com o maior impacto a ser verificado no SNS. As urgências de obstetrícia e ginecologia não dão “segurança e confiança às grávidas e às suas famílias”.
BE – Foco nos salários
A coordenadora do BE referiu à Lusa ser necessário “recentrar o debate político” nos temas da saúde, habitação e salários. “O Governo tem tentado desviar os assuntos e esconder-se atrás de uma agenda populista, de um mono tema, como se viu com a lei da nacionalidade”, salientou Mariana Mortágua.
Para a deputada única do partido, existem “problemas gravíssimos no SNS com urgências fechadas” e houve uma “total incapacidade do Estado para responder às ondas de calor”.
PAN – Apoios na gaveta
Para a porta-voz do PAN, o Governo tem recusado dialogar com os partidos pequenos e acusa a AD de empreender “políticas de recuo” e de ter as “prioridades trocadas”, nomeadamente no tema da imigração. Inês Sousa Real destacou o “flagelo” na crise da habitação e os “recuos absolutamente inaceitáveis” na saúde materno-infantil.
Para a deputada, os apoios na área da causa animal “continuam na gaveta”, assim como a prioridade do Executivo em responder às alterações climáticas.
JPP – Políticos alheados
O deputado único do JPP afirmou à Lusa que o Governo tem de responder no Parlamento sobre o “problema da imigração”, mas lamentou que o tema seja debatido com “discursos muito virados para o ódio”. Filipe Sousa diz ver “falhas clamorosas” em várias áreas e argumenta que a classe política está “completamente alheada dos problemas reais do país”.
PSD/CDS-PP – Ação do Governo
Os partidos que sustentam o Governo destacam a ação do Executivo na lei da nacionalidade e salientam a melhoria ainda por fazer no SNS, após a “herança” dos governos do PS, afirmou Hugo Soares, líder parlamentar do PSD.