Windows 10 vai deixar de ser atualizado em outubro. O que signfica isto para os utilizadores?

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Grupos de consumidores criticaram a medida.

“A falta de retrocompatibilidade para certas máquinas com Windows 10 vendidas há apenas alguns anos é um golpe para os bolsos dos consumidores”, que se veem obrigados a atualizar o sistema, afirmou a organização norte-americana Consumer Reports na semana passada.

Na Europa, grupos franceses como o End Planned Obsolescence (HOP) iniciaram uma petição exigindo atualizações gratuitas até 2030. A federação alemã de grupos de consumidores Verbraucherzentrale afirmou em maio que a medida “preocupa os consumidores e deixa-os incapazes de tomar decisões de compra livres”. “Um volume tão grande de novas aquisições (de computadores) também é prejudicial para o ambiente”, nomeadamente ao criar grandes quantidades de resíduos eletrónicos difíceis de reciclar, acrescentaram.

Quantos utilizadores são afetados?

A Microsoft recusou-se a responder ao pedido de dados da AFP sobre o número de utilizadores do Windows que não podem fazer a atualização. Mas a Consumer Reports contabilizou 650 milhões de pessoas em todo o mundo que ainda usavam o Windows 10 em agosto. Outra organização americana, o Public Interest Research Group (PIRG), estima que até 400 milhões de computadores são incompatíveis com o Windows 11.

Quais são os perigos?

Os utilizadores que não podem fazer a mudança e que não pagam pelas atualizações de segurança enfrentam uma ameaça acrescida de ciberataques. “Ao não receberem atualizações, deixam de se proteger contra os mais recentes riscos de cibersegurança”, afirmou Kraemer. Embora o aumento da exposição seja “muito difícil” de quantificar para os utilizadores individuais, enquanto grupo, estes tornar-se-iam alvos prioritários para os atacantes que procuram falhas de segurança.

Com o passar do tempo, os utilizadores do Windows 10 também podem não conseguir instalar o software mais recente de terceiros, disse Paddy Harrington, da empresa de consultoria americana Forrester.

“Os fornecedores de aplicações dependem do fornecedor do sistema operativo para certas caraterísticas e funções”, salientou Harrington. “Se estes não forem atualizados, o fornecedor de aplicações não pode ter a certeza de que a sua aplicação continuará a funcionar corretamente.

Que alternativas têm os utilizadores?

Mesmo o software antivírus mais recente pode não ser suficiente para proteger um sistema operativo que já não recebe atualizações. “Há um limite para a proteção que podem oferecer… é muito melhor do que não fazer nada, mas deve ser uma correção temporária enquanto se encontra uma solução permanente”, disse Harrington.

Os utilizadores determinados a manter o hardware existente podem mudar para um sistema operativo diferente, como o Linux, uma alternativa de código aberto – já a escolha para muitos dispositivos como servidores de Internet e a base para o sistema operativo Android dos smartphones da Google. “Desde que as suas aplicações suportem esse sistema operativo e que as suas ferramentas de gestão e segurança o suportem, é uma boa escolha”, disse Harrington.