Universidade de Amesterdão cancela aulas após violência em protestos

Os protestos continuam a decorrer em várias universidades europeias, incluindo em Portugal, com os estudantes a confrontarem as autoridades académicas sobre Israel, instando-as a romper ou reduzir drasticamente as relações com o Estado judeu.

Nos Países Baixos, os responsáveis da Universidade de Amesterdão, com quase 400 anos de existência, referiram, em comunicado, que não podiam garantir a segurança de ninguém no campus, depois de um grupo de manifestantes mascarados ter barricado portas e pintado slogans nas paredes.

O caos de segunda-feira seguiu-se a uma greve pacífica de funcionários e estudantes contra a guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza e à resposta da universidade aos protestos anteriores.

“Eles [a universidade] chamaram a polícia depois das pessoas não terem pretendido destapar o rosto, mas a polícia surgiu de gorro”, sublinhou à agência Associated Press (AP) o professor de ciências políticas Enzo Rossio, descrevendo os acontecimentos de segunda-feira.

Rossio denunciou ainda que, juntamente com a sua mulher, que também trabalha para a universidade, foram repetidamente agredidos pela polícia com cassetetes.

Na semana passada, a polícia usou uma escavadora para expulsar manifestantes de um acampamento estabelecido por estudantes que querem que a universidade corte os laços com Israel.

Manifestações menores contra a guerra têm ocorrido quer na Universidade de Amesterdão, quer em outras universidades neerlandesas.

A polícia de choque foi chamada várias vezes para terminar com as manifestações, levando a confrontos.

Após a violência registada na segunda-feira, alguns estudantes montaram tendas dentro dos prédios, com a intenção de ocupar os espaços até que a universidade ouvisse suas reivindicações.

Segundo a Universidade de Amesterdão, o protesto pacífico foi “apropriado por elementos violentos” que deixaram para trás “destruição desenfreada”.

As instituições de ensino superior nos Países Baixos publicaram hoje diretrizes para protestos estudantis, como a proibição de permanecer durante a noite, ocupar edifícios e usar coberturas faciais.

Na semana passada, a Universidade de Amesterdão já tinha anunciado que não manteria conversações com nenhum manifestante que se recusasse a mostrar a cara.

O atual conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado depois de um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em 7 outubro de 2023, que causou cerca de 1200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas. Em represália, Israel lançou uma ofensiva que já provocou mais de 35 mil mortos e 79 mil feridos, segundo o Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.