Trump inicia processo para designar filiais da Irmandade Muçulmana como terroristas

Foto: Graeme Sloan/POOL/AFP
O presidente norte-americano, Donald Trump, assinou esta segunda-feira uma ordem executiva para designar como “organizações terroristas estrangeiras” algumas filiais da Irmandade Muçulmana em certos países, como no Líbano, Jordânia ou Egito.
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A ordem executiva, cujo texto foi divulgado pela Casa Branca, refere que ramos da Irmandade Muçulmana “no Líbano, na Jordânia e no Egito”, país onde o movimento foi fundado em 1928, “cometem, incentivam ou apoiam campanhas de violência e desestabilização que prejudicam as suas próprias regiões, cidadãos americanos ou interesses americanos”.
“Esta ordem inicia um processo pelo qual certas secções ou subdivisões da Irmandade Muçulmana serão consideradas para designação como Organizações Terroristas Estrangeiras (…) e Terroristas Globais com Designação Especial”, pode ler-se no documento assinado por Trump.
O documento cita a filial libanesa por “se ter unido ao Hamas, ao Hezbollah e a fações palestinianas” no lançamento de ataques “contra alvos civis e militares em Israel” após o ataque das milícias de Gaza em solo israelita em 07 de outubro de 2023.
Nesse mesmo, “um líder da filial egípcia da Irmandade Muçulmana incitou ataques violentos contra parceiros e interesses dos EUA”, segundo a ordem executiva, e os líderes da Irmandade Muçulmana na Jordânia “há muito que fornecem apoio material ao braço armado do Hamas”.
“Tais atividades ameaçam a segurança dos civis norte-americanos na região, bem como a segurança e a estabilidade dos nossos parceiros regionais”, sublinha o executivo norte-americano na ordem executiva.
Alerta também que os Estados Unidos “estão a trabalhar com os seus parceiros regionais para eliminar as capacidades e operações das filiais da Irmandade Muçulmana designadas como organizações terroristas estrangeiras” e visam “privar essas filiais de recursos” para “acabar com qualquer ameaça aos cidadãos americanos ou à segurança nacional dos EUA”.
A ordem executiva insta os Departamentos de Estado e do Tesouro a apresentarem relatórios no prazo de 30 dias sobre a designação de organizações afiliadas à Irmandade Muçulmana como organizações terroristas e exige que tomem as medidas adequadas no prazo de 45 dias após a receção desses relatórios.
A Irmandade Muçulmana, uma organização transnacional com presença em vários países, é, desde há muito, o principal movimento de oposição no Egito, apesar de décadas de repressão.
Considerada atualmente uma organização terrorista no Egito, a Irmandade Muçulmana foi afastada do panorama político em 2013, após o breve mandato de um ano de um dos seus membros, Mohamed Morsi.
A Irmandade promove uma forma conservadora de islamismo político. O movimento foi proibido em vários outros países, incluindo a Arábia Saudita e, mais recentemente, em abril, a Jordânia.
A Jordânia acusou a Irmandade de “atividades que podem desestabilizar o país”, incluindo o fabrico e armazenamento de ‘rockets’ e explosivos.