Solverde paga 4500 euros por mês à empresa da família de Luís Montenegro

Menos de uma semana depois de ter sido mencionado no Parlamento como um dos eventuais clientes da empresa familiar de Luís Montenegro, o Grupo Solverde revelou que paga à “Spinumviva” uma avença mensal de 4500 euros desde julho de 2021, a troco de um conjunto de “serviços especia­lizados de com­pliance e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais”.

De acordo com o jornal Expresso, a ligação é revelante porque Montenegro trabalhou para a Solverde entre 2018 e 2022, tendo sido o representante do grupo nas negociações com o Estado que resultaram numa prorrogação do contrato de concessão dos casinos de Espinho e do Algarve, que termina no final deste ano.

Ainda segundo o mesmo semanário, o acordo de consultoria entre o grupo Solverde e a “Spinumviva” foi angariado seis meses depois de a empresa ter sido registada com a morada de casa e o número de telemóvel pessoal de Montenegro. Durante 10 meses, até maio de 2022, a Solverde continuou a pagar serviços jurídicos no valor de 2500 euros por mês à sociedade de advogados do chefe do Governo, que Montenegro abandonou quando foi eleito presidente do PSD. Daí para a frente, manteve a avença de 4500 euros mensais à “Spinumviva”.

O Expresso escreve ainda que, enquanto esteve fora do Parlamento e ainda não era líder do PSD, Luís Montenegro representou o grupo que gere os casinos de Espinho e do Algarve nas negociações com o anterior Governo sobre os efeitos da pandemia na atividade. As conversas terminaram no fim de 2021, quando, para compensar as concessionárias das restrições impostas, foi decidida uma prorrogação da concessão (no caso dos dois casinos Solverde, até ao final de 2025) e suspensa a aplicação das contrapartidas anuais referentes a 2020 e a 2021. Com o fim da concessão em dezembro deste ano, haverá nova negociação.

É nesta decisão que pode residir um conflito de interesses para o primeiro-ministro. No Parlamento, quando questionado pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, sobre a sua relação com o grupo de Espinho, Montenegro referiu que, sendo “amigo pessoal dos acionistas dessa empresa”, impor-se-á “inibição total de intervir em qualquer decisão” que respeite à Solverde ou a outras com que “estiver ligado por relações familiares, de amizade ou razões profissionais”.