Regime no poder no Níger saúda decisão de retirada das tropas francesas
O regime militar que chegou ao poder no Níger, por golpe de Estado no final de julho, saudou hoje o anúncio da retirada das tropas francesas daquele país como “um novo passo rumo à soberania”.
“Hoje, celebramos um novo passo rumo à soberania do Níger. As tropas francesas, bem como o embaixador de França irão abandonar solo nigeriano até ao final do ano. É um momento histórico, que prova a determinação e a vontade do povo nigeriano”, indica um comunicado dos militares no poder, lido na televisão nacional e citado pela Agência France Presse.
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou hoje o regresso “nas próximas horas” da embaixador de França em Niamey, Niger, e a saída das tropas francesas do país até ao fim do ano.
“A França decidiu que o seu embaixador deve regressar” e “vamos pôr fim à cooperação militar com o Níger”, declarou Macron, numa entrevista televisiva.
Segundo o presidente, os 1.500 militares franceses vão partir “nas próximas semanas e meses” e a retirada será total “até ao fim do ano”. Estes militares estavam destacados para a luta contra o terrorismo na região.
A junta militar no poder no Níger ordenou em finais de agosto a expulsão do embaixador francês em Niamey, Sylvain Itté, e retirou-lhe a imunidade.
O prazo para a saída do embaixador já tinha terminado, mas a França não lhe pediu para regressar por não reconhecer a legitimidade da junta militar que está a governar o Níger após o golpe de Estado de 26 de julho.
A junta militar do Níger interditou a entrada no espaço aéreo de aviões franceses ou fretados pela França, segundo informação na página oficial da Agência para a Segurança da Navegação Aérea em África e Madagáscar (Asecna).
A informação, partilhada no sábado à noite às tripulações no ‘site’ da Asecna, indica que o espaço aéreo do Níger “está aberto a todos os voos comerciais nacionais e internacionais, à exceção de aviões franceses ou fretados por França, incluindo os da Air France”.
A junta militar do Níger anunciou, a 04 de setembro, a reabertura do espaço aéreo aos voos civis e comerciais, encerrado em agosto devido a uma alegada “ameaça de invasão” na sequência do golpe de Estado perpetrado no final de julho, que destituiu o presidente e suspendeu a Constituição.
Desde então, as relações diplomáticas entre o Níger e França esfriaram, nomeadamente com a ordem dada pela junta militar para que o embaixador francês, Sylvain Itté, abandonasse o território, chegando mesmo a retirar-lhe a imunidade e a ameaçar expulsá-lo pela força, o que foi rejeitado pela França.