Oposição interna do Bloco de Esquerda critica colagem ao PS

A moção apresentada pela fação de Pedro Soares, ex-deputado pelo círculo eleitoral de Braga, acabou rejeitada pela maioria dos membros da Mesa Nacional. No documento a que o JN teve acesso, a Oposição interna refere que o BE “colou-se ao PS e não recuperou a confiança perdida ao longo do anterior ciclo eleitoral”. Refere ainda que o partido “afastou-se da sua matriz” e o resultado “teve a ver com a orientação tática da campanha, incapaz de polarizar discurso e proposta”.

Os críticos internos argumentam que, aos olhos dos portugueses, “era contraditório” que o BE defendesse um acordo de governação à Esquerda com o PS e, ao mesmo tempo, criticasse a governação dos socialistas. Esse foi, acrescentam, também o mal do PCP, mas não o do Livre, que quadruplicou o número de deputados “devido ao voto de descontentes com o PS, captados pelo discurso conciliatório do seu líder”.

Os eleitores “rejeitaram o voto útil e já não confiam no BE”, diz a moção, sendo que o partido “viu todos os seus objetivos caírem”, nomeadamente os de “derrotar a Direita, estabelecer um acordo de governação com o PS, participar numa maioria parlamentar, ter um maior Grupo Parlamentar e eleger nos círculos onde tinha perdido eleitos”.

BE “não cumpriu o objetivo”, diz Mortágua

À margem da Mesa Nacional, durante a apresentação de Catarina Martins como cabeça de lista às eleições europeias de 9 de junho, Mariana Mortágua fez uma análise das eleições. Menos efusiva do que na noite eleitoral, a coordenadora do BE admitiu que o partido “não cumpriu o objetivo maior e primeiro de afirmar uma alternativa com a Esquerda”.

Recorde-se que o BE ficou em quinto lugar nas eleições legislativas do passado dia 10, com 4,46% dos votos e cinco deputados eleitos, embora ainda não sejam conhecidos os resultados dos círculos eleitorais da emigração. Com este resultado, o partido subiu em número de votos, mas apenas manteve os cinco deputados que já tinha, desta vez num contexto de perda de votos do PS no qual o BE, por norma, é beneficiado.

“Esta inegável viragem à Direita é também o reflexo do desgaste da governação do PS e, em particular, em contexto de maioria absoluta nos últimos dois anos”, analisou Mortágua.