André Villas-Boas: uma tomada de posse entre o orgulho e a incerteza na SAD

A tomada de posse de André Villas-Boas como 32.º presidente do F. C. Porto foi consumada numa cerimónia aberta a 450 convidados em que a Direção eleita a 27 de abril esteve bem perto da anterior, com Pinto da Costa e toda a administração da SAD ainda em funções presentes. Depois do célebre abraço no voleibol, o cenário voltou a aparentar uma transição pacífica, mas percebeu-se depois que não será bem assim, pelo menos nas próximas semanas.

Depois de todos os eleitos para os três órgãos sociais do clube serem empossados, Villas-Boas fez um discurso que destacou o “orgulho” de estar a tomar posse na mesma sala onde em 2010, com apenas 32 anos, se tornou treinador do clube, para dar início a uma época “mágica”. “De mim, de toda a minha equipa, garanto-vos empenho, dedicação e amor ao F. C. Porto. Estamos aqui apenas e só para o servir, com entrega de corpo e alma, trabalho e uma visão que nos transportará para a modernidade, sabendo que o caminho será duro”, afirmou o novo presidente, sempre elogioso para com o antecessor: “Não existem palavras para descrever ou até agradecer tudo o que fez pelo F. C. Porto. O presidente dos presidentes não é metáfora! É memória, respeito e gratidão. Sobretudo, é obra, vitória e glória. Um legado eterno , que será sempre respeitado”.

O discurso terminou com um pedido à administração cessante da SAD, por forma a abrir caminho à tal transição pacífica de poderes. “A vossa renúncia jamais seria considerada como ato de fuga, mas como um ato nobre que vos elevaria. O clube não tem dois presidentes. Tem um só presidente eleito pela vontade expressa dos sócios numa mudança. Atrasar o inevitável é adiar a construção de um clube mais forte”, disse Villas-Boas, sem eco na reação que Pinto da Costa, em silêncio na cerimónia, teria a seguir, em declarações à SIC.

“A partir da Taça de Portugal, que espero ganhar, demito-me porque não estou agarrado ao lugar. Estou apenas a lutar para que possamos vencer este troféu. Não há animosidade nenhuma. A minha saída neste momento era negativa para o rendimento da equipa”, afirmou, desmentindo que se mantenha em funções na SAD por interesses pessoais. “Não vou receber um euro de indemnização, vou deixar centenas de milhares que me cabiam. Não estou agarrado a nada”, acrescentou Pinto da Costa, com resposta posterior de Villas-Boas: “Não está em causa a presença histórica do presidente na final da Taça. É um sentimento de força para a equipa. Mas na construção de uma organização moderna, é lamentável que o F. C. Porto não seja um exemplo. Ninguém se vai juntar a um conselho de administração que não renuncia sem ter poder de veto”.

As cinco prioridades

Reduzir o passivo
Quando assumir o leme da SAD portista, no final deste mês, André Villas-Boas terá de tomar medidas para tentar reduzir e reestruturar a dívida, que no último exercício foi superior a 500 milhões de euros.

Academia ou CAR
O novo presidente portista confirmou que já teve reuniões com a Câmara de Gaia, para acelerar o projeto do Centro de Alto Rendimento (CAR) no Olival, e também com o arquiteto Manuel Salgado, responsável pelo desenho da Academia na Maia. A decisão pode depender dos acordos que já foram firmados pela SAD.

Treinador
A iminente conversa com Sérgio Conceição clarificará o futuro do técnico que comanda a equipa portista desde 2017. Se este sair, o diretor desportivo Andoni Zubizarreta terá um papel crucial na escolha do sucessor.

Feminino e futsal
Villas-Boas vai apostar em novas modalidades no clube, sendo o futebol feminino e o futsal as mais desejadas pelos adeptos do F. C. Porto.

Claques
Uma auditoria à bilhética pode abrir caminho à possível perda de privilégios dos Super Dragões. AVB quer apurar qual a perda de valor para o clube com o excesso de bilhetes atribuídos às claques.