Presidente da Colômbia sancionado pelos EUA: “Lutar contra o narcotráfico traz esta medida”

Fotos: Jim Watson e Luis Acosta/AFP
A administração Trump impôs, esta sexta-feira, sanções contra o presidente da Colômbia, a sua família e um membro do seu Governo, alegando envolvimento destes no comércio global de drogas.
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O Departamento do Tesouro aplicou as sanções contra Gustavo Petro, a sua esposa, Veronica del Socorro Alcocer Garcia, o seu filho, Nicolas Fernando Petro Burgos, e o ministro do Interior da Colômbia, Armando Alberto Benedetti.
Petro “tem permitido que os cartéis de droga prosperem e recusou-se a interromper esta atividade”, argumentou o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, num comunicado. “O presidente Trump está a tomar medidas fortes para proteger a nossa nação e deixar claro que não toleraremos o tráfico de drogas para o nosso país”, acrescentou Bessent.
A medida intensifica um crescente confronto entre o presidente republicano dos EUA e o primeiro líder de Esquerda da Colômbia, particularmente sobre os ataques americanos, que geraram vítimas mortais, a supostos barcos transportadores de drogas na América do Sul.
“Um verdadeiro paradoxo”
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, confirmou entretanto que ele, os seus filhos e a sua esposa constam na lista negra do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.
“Lutar contra o narcotráfico durante décadas e com eficácia traz-me esta medida do Governo da sociedade que tanto ajudámos a deter o consumo de cocaína”, escreveu Petro na rede social X, num momento de escalada de tensões entre a Colômbia e os Estados Unidos devido à luta contra o tráfico de droga. “Um verdadeiro paradoxo, mas sem dar um passo atrás e nunca de joelhos”, afirmou Petro.
A administração Trump expandiu a repressão para o Oceano Pacífico oriental, onde grande parte da cocaína dos maiores produtores mundiais, incluindo a Colômbia, é contrabandeada, com um destacamento de forças militares para a região. O Exército dos EUA está a enviar um porta-aviões para as águas da América do Sul, anunciou hoje o Pentágono.
A imposição de sanções já era esperada, depois de Trump ter dito recentemente que cortaria a ajuda à Colômbia e imporia tarifas sobre as suas exportações, referindo-se a Petro nas redes sociais, nos últimos dias, como “um líder do tráfico de drogas ilegal.”
Países deixaram de ser aliados
No mês passado, os EUA adicionaram a Colômbia, o maior destinatário de apoios americana na região, à lista de nações que não cooperam na guerra contra as drogas, pela primeira vez em quase 30 anos.
Depois de Trump o acusar de ter ligações com o tráfico de drogas, Petro disse na quarta-feira que recorrerá ao sistema judicial dos EUA para se defender. “Contra as calúnias que altos responsáveis lançaram sobre mim em solo americano, defenderei juridicamente, com advogados americanos, nos tribunais dos EUA,” escreveu Petro no X sem nomear Trump, mas citando uma reportagem sobre os comentários dele.
Um dia antes, a política antidrogas de Petro foi tema de uma reunião entre ele e o encarregado de negócios dos EUA na Colômbia, John T. McNamara. McNamara também se encontrou com a Ministra dos Negócios Estrangeiros, Rosa Yolanda Villavicencio Mapy, na quinta-feira.