Frente a frente: Ventura “na eleição errada” e Seguro “com vergonha do PS”

Foto: Rui Válido/TVI
Do primeiro ao último minuto, o frente-a-frente entre António José Seguro e André Ventura teve provocações constantes e poucas propostas. O líder do Chega colou o adversário à herança do PS, acusando-o de ter “vergonha” de ser socialista. E defendeu que o chefe de Estado tenha um papel mais ativo e não seja mero “figurante”. Por sua vez, foi acusado de estar “na eleição errada” e “querer tudo”. Pelo meio, Seguro falou do pacto para a Saúde e ambos subiram de tom à custa da imigração.
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O debate começou com o novo pacote laboral. “Compreendo as razões para a greve geral”, disse Seguro, que apoia o recurso a este direito “legítimo”, se o “diálogo” não for viável. E, numa crítica à AD, destacou que esta revisão “nem fazia parte do programa”. Para Ventura, “é preciso uma revisão da lei laboral, mas esta não”. E defendeu “compensações” para os utentes na greve.
Ofereceu número de Carneiro
“É a sua herança do PS”, criticou o líder do Chega, notando que os socialistas deixaram “os salários mais baixos da União Europeia” e “a imigração de jovens”. Mas Seguro disse ser “muito orgulho” no apoio do PS.
“Se quiser debater com o PS, dou-lhe o telefone de José Luís Carneiro. Está na eleição errada”, retorquiu, afirmando que Ventura está a “ferir o contrato de confiança” com o seu eleitorado porque, “em pouco tempo, quer tudo”.
Guião para pacto na Saúde
“Se estou na eleição errada, imagine a sua”, respondeu Ventura, por estar à sua frente nas sondagens. “Tem vergonha do PS, da herança do PS”, atacou ainda. Mas Seguro repetiu que irá receber Ventura em Belém na qualidade de líder partidário e entregou-lhe já esta segunda-feira um guião do seu pacto para a Saúde.
Presidente mais ativo
Quanto a uma alteração de poderes, Ventura defendeu um presidente “mais atuante”, não uma “jarra de enfeitar”, e prometeu “dar um murro na mesa”. “Mas quer ser primeiro-ministro ou presidente da República?”, exortou Seguro, sendo depois acusado de representar “o mal que o PS fez ao país” e de “conversa da treta”.
“Estigmatizar imigrantes”
Seguiu-se Angola: o líder do Chega disse que Seguro “ficou em silêncio” perante “a humilhação de Marcelo”, tendo o adversário dito que faria o mesmo que o atual presidente.
Ventura acusou ainda Seguro de aceitar que venha alguém do Bangladesh “passar à frente” e disse que o PS “abriu as portas a toda a gente”. O adversário acusou-o de “estigmatizar” os imigrantes e promover “o ódio”, recordando a tese que Ventura fez sobre o assunto em Dublin, há 12 anos.